Irad Rubinstain havia dado baixa do exército de Israel há apenas três dias quando pisou em solo brasileiro pela primeira vez, em 2001, para iniciar uma jornada de três anos ao redor do planeta. Nos sete meses em que cruzou o país de Norte a Sul, o viajante se apaixonou pelas paisagens, cidades e pessoas, e também pela arte, em especial a literatura. Onze anos mais tarde, a obra do escritor baiano Jorge Amado traz Irad de volta ao Brasil, como diretor da companhia de teatro Yoram Loewenstein. O grupo apresenta uma versão vibrante de “Dona Flor e seus Dois Maridos” no 25º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub), promovido pela FURB (Universidade Regional de Blumenau) entre os dias 5 e 12 de julho.
A peça fará parte da Mostra Paschoal Carlos Magno (que reúne outros cinco grupos estrangeiros) e será encenada em iídiche, com projeção de legendas em Português. Será a única apresentação do grupo no país.Na versão ‘tel-aviviana’ do clássico de Jorge Amado – publicado em 1966 –, dança, música e acrobacias criam uma atmosfera carnavalesca para contar a história da viúva Flor, que ao casar com um pacato farmacêutico após a morte do primeiro marido, o boêmio Vadinho, passa a ser assombrada – ou melhor, assediada – pelo fantasma do falecido. “É uma história de amor, tesão, ódio e morte, e tem um apelo muito forte para o teatro. Li o livro quando estava em Salvador e, anos depois, quando comecei a trabalhar com a companhia de teatro, já imagina um dia transformar o livro em peça”, conta Irad.
Após o sucesso em Israel – o grupo fez o dobro de apresentações planejadas inicialmente –, Irad mal pode esperar pela reação da plateia no Teatro Carlos Gomes, palco principal do Fitub. “Será um desafio e tanto encenar uma obra brasileira para um público brasileiro. Na minha estada no Brasil vi rituais do candomblé, participei de carnavais no Recife e em Olinda, e procurei trazer para a peça essa linguagem”, adianta o diretor.
AÇÃO SOCIAL
A Yoram Loewenstein Acting School fica em um dos bairros mais pobres de Tel-Aviv, o Shchunat Hatikva (algo como Bairro da Esperança). Além da formação de atores profissionais em um curso de três anos, a companhia de teatro também atua com a comunidade local, atendendo filhos de imigrantes e trabalhadores estrangeiros, crianças em situação de risco social ou com necessidades especiais. “Todo aluno da escola profissional precisa passar por um estágio atuando junto a essa comunidade carente. Hoje temos 33 alunos trabalhando diretamente com essas crianças”, afirma o produtor do grupo, Halil Itzhak.
Para Entrevista com Yoram Loewestein via Skype pelo nome de usuário “halalitzhak” ou pelo e-mail studio@013.net. O site oficial da companhia é www.studioact.co.il
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